segunda-feira, 9 de março de 2009

Continuando...

segunda-feira, 9 de março de 2009

1- É claro que o contexto de vida dessa geração apresenta a tecnologia digital quase de forma naturalizada;

Acho que não exatamente naturalizada, mas sim com uma construção que pode, talvez mais, que só fica boa se for produzida coletivamente. Por isso não como uma coisa que é, mas sim como uma coisa que esta em permanente mutação. E só é interessante, para minha geração, porque é assim.

2- Não percebo no texto e pelo que conheço da produção do Eucídio a idéia de que não há produção cultural por essa geração. Acredito que é fundamental pensar o conceito de cultura como modo de vida e não algo que se adquire, externo aos seres humanos.

Desculpa mas não entendi essa diferenciação entre “cultura como modo de via” e não “como algo que se adquire”.

Como relação a caracterização dessa geração como produtora de “Cultura”: claro que estou falando a partir desse texto do Prof. Eucídio. Por isso as minhas afirmações, ou melhor, questões que estão indo, completando a ponte ou as vezes quebrando a ponte feitas nesses texto. Acredito que aqui o fenômeno que chama mais a atenção do Prof. Eucídio é a possibilidade de utilização dos jogos eletrônicos como facilitadores ou fixadores, ou melhor, significadores de um conhecimento escolar. Nesse sentido, gostaria de chamar atenção para o fato de que não é jogar o jogo que dá significado ao conhecimento escolar. Mas antes, a possibilidade dessa realidade virtual (e aqui chamo realidade virtual, mas é a realidade física propriamente dita) ser efetivamente produzida por essa geração. Perceba que não é o simples fato de utilizar o jogo ou mudar o enredo (que obviamente é ficcional e muito importante), mas sim interferir na realidade do jogo. Vou tentar ser mais claro, essa geração, participa de fóruns que discutem as possibilidades de mudanças nos respectivos códigos fontes dos jogos. Essa geração não quer; nem gosta, necessariamente, de consultar um enciclopédia eletrônica ou em cd-rom ela quer construir ou colaborar com a construção de uma enciclopédia aberta (Wikipédia). Em suma ela quer interatividade.

3- Os jogos eletrônicos e o RPG são distintos. Pelo parco conhecimento que tenho de ambos não ouso ficar indicando qual oferece mais para os jovens, até porque é preciso saber que se há os limites de um jogo eletrônico já licenciado e estruturado, existe o fascínio pela virtualidade eletrônica por si só. Cada um deles com suas potencialidades e limites. Acho que não vale a pena ficar comparando para identificar o melhor. Aliás, vc é suspeito nessa avaliação (rsrs)

Tudo bem, eu sou suspeito para falar, é claro. Mas gostaria de chamar a atenção para que o RPG comum possibilita uma interatividade maior e mais instantânea e menos virtual. Compreende?

4- Cuidado com o uso indevido de dois conceitos: conhecimento histórico e história (especialmente q utilizada com letra maiúscula e no singular).É claro que é importante que o aluno perceba que a história é uma construção, algo da qual ele participa como sujeito social e, por isso, passível de alterações e mudanças. Da mesma forma é fundamental que o aluno perceba que o conhecimento histórico, a historiografia, também uma construção, é o registro elaborado. Também pode ser mudado, desde que fundamentado em pesquisas, estudos e, talvez, com utilização de outras fontes. Mas, nunca tentando substituir um conhecimento pelo outro, como se fosse uma busca pela "verdade" histórica. É nesse sentido que sugiro que você tenha cuidado com o uso dos conceitos e preconceitos.

Desculpa mas essa também não entendi principalmente nesses trechos: 1 – “Cuidado com o uso indevido de dois conceitos: conhecimento histórico e história (especialmente q utilizada com letra maiúscula e no singular).” Como assim uso indevido? Você poderia explicar um pouco melhor esses conceitos? 2- Mas, nunca tentando substituir um conhecimento pelo outro, como se fosse uma busca pela "verdade" histórica. É nesse sentido que sugiro que você tenha cuidado com o uso dos conceitos e preconceitos. Como substituir um pelo outro? E que busca de verdade histórica é essa? E que tipos de conceito ou pré-conceitos são estes?

5- O fato dos jogos eletrônicos serem imbuídos de "perspectivas sociais, culturais, econômicas e etc. muito bem definidas" não pode ser traduzido para a idéia de que TODOS têm um foco bélico. Pode ser que a maioria tenha, mas com certeza outros existem sem esse foco.

Acho que aqui está claro, mas se não tiver vou tentar explicar. Quando digo que TODOS jogos tem perspectivas sociais, culturais, econômicas e etc. muito bem definidas significa que estou pensando eles como fontes histórica. Ou seja, não só os jogos eletrônicos produzidos nos EUA têm perspectivas sociais, cultura, econômicas e etc. muito bem definidas, mas TODOS os jogos produzidos em qualquer parte do mundo sendo eles mais belicosos ou não. Entende?

6- De novo é preciso pensar no risco em se ter em mente uma representação única de escola, de professor - tudo no singular. Há professores sim com trânsito no universo digital (mas é uma minoria e essa afirmação é respaldada em estudos e pesquisas). Qual a função ou o papel da escola? Acredito que ela deva sim propiciar a produção do aluno, sem espontaneismos. Escola é diferente de lan-house - em quê? Por quê? Assim como é diferente o aluno jogar RPG com seus amigos em sua casa, num sítio, num clube e nas aulas de história. Acho que seria interessante você pensar nisso - e aí entenda como provocação se quiser. Eu gostaria que você e seus amigos do grupo de estudos procurassem refletir sobre as semelhanças e diferenças entre o RPG nas aulas de história e em outros espaços.

Acho que aqui é importante dividir em duas partes essa provocação, e aqui estou pensando “provocação” o ato de provocar algo, desencadear uma ação, aqui mais precisamente uma reflexão sobre os nossos temas:

1- “Há professores sim com trânsito no universo digital (mas é uma minoria e essa afirmação é respaldada em estudos e pesquisas). Qual a função ou o papel da escola? Acredito que ela deva sim propiciar a produção do aluno, sem espontaneismos.” A minha afirmação está indo de encontro a representação que o próprio Prof. Eucídio faz do professor. Aqui vou apontar para esse tipo ideal do professor de professor de Uberlândia. Para ele, esse professor ainda não está familiarizado com essa tecnologia e perde com isso por não conseguir estabelecer uma interlocução com seus alunos. E que isso deve ser aprendido para potencializar a assimilação do conhecimento histórico escolar. Exemplos disso, os que obtém prazer com os jogos são os jovens: “Mas o prazer de jogar não é só este[se referindo a utilização de fontes que trazem verossimilhança aos jogo]. O que mais estimula o jovem é o poder de ele tem de transformar os objetos, a História, as organização específicas do jogo”. Acho que está implícito que ele está estabelecendo uma dicotomia entre os jovens que tem prazer com os jogos e os professore que não tem prazer, ou melhor, não entendem o sentido disso. No parágrafo seguinte ele fala assim com seu interlocutor principal, que acredito eu ser o professor: “Não é difícil entender esse fascínio”. E por aí vai.

Agora acho que de forma mais clara ele fala o seguinte: “como professores, vivemos o desafio constante de nos mantermos atualizados sobre a constituição de novos saberes, forma de pensar e aprender entre os jovens [...]” Mais adiante ele coloca da seguinte forma: “Isso não impede o professor de conhecer todos esses jogos [ele se refere aos problemas devido as perspectivas comerciais de produção desses jogos no parágrafo anterior], entender as diferenças entre ele e conversar sobre isso com os alunos. Justamente por serem objetos de consumos sintonizados com a cultura juvenil.” Por isso, acredito que ele está estabelecendo a dicotomia entre os alunos que estão imersos nessa realidade e os professores, ou um professor ideal, que não possuem esse conhecimento, mas precisas disso para estabelecer uma interlocução com esse alunos. Assim, a minha crítica vai para problematizar esse tipo ideal que se deve interar dessa tecnologia para ensinar o modo certo de utilizá-la sendo que parte disso já é desenvolvido pelos jovens ao seu modo, é claro.

Depois dessa pequena defesa vem minha segunda indagação a partir dessa sua fala: “Acredito que ela [a escola] deva sim propiciar a produção do aluno, sem espontaneismos. Escola é diferente de lan-house - em quê? Por quê? Assim como é diferente o aluno jogar RPG com seus amigos em sua casa, num sítio, num clube e nas aulas de história.”. E agora vou fazer uma provocação não só para você, Professora Cláudia, mas também para o restante do grupo. E assim, refletiremos sobre o papel da escola, onde daremos aula, nesse início de novo milênio. A escola deve propiciar a produção do aluno, mas produzir o quê? Uma vez que esses espaços não-formais são capazes de desenvolver, talvez não todas, mas certamente boa parte delas, as habilidade e competências tão recorrentes em nosso nossos textos. Nesse sentido, de existirem outros espaços (não só a lan-house, mas a própria internet, a turma da escola, as conversas que tenho com os colegas de trabalho (no exemplo de adolescente), a própria família e aqui não estou pensando só em pais, mas também em primos e irmão (numa situação mais horizontalizada) e muitos outros espaços) onde são possíveis o desenvolvimento dessas habilidades que me sinto convencido que a escola tem que repensar seu papel. Isso eu acho que deve ser cotidianamente/diariamente.

Então para completar e deixar claro, mesmo que discordando em alguns pontos. Acredito, sim, que a escola ainda tem um papel importante no desenvolvimento dessas crianças/adolescentes/jovens/ e mesmo adultos. Afinal estou estudando para me tornar um professor e não acreditar na escola seria muito estranho. Porém não acho que o papel a ser desenvolvido pela escola é o que foi apresentado nesse texto do Prof. Eucídio, materializado na figura daquele professor que deve aprender para estabelecer uma interlocução, mas sim permitir uma inversão de papéis. Por isso acredito que o professor deve ser mais o interlocutor dos alunos para que aquele oriente este. Acredito que é mais uma noção de orientação de deve ser estabelecida. Entende?!


Por Fabrício Vinhas

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