segunda-feira, 2 de março de 2009

Personagem: Júlia Ribeiro

segunda-feira, 2 de março de 2009
Jogador: Gizélia

Conceito: Estudante de Ciências Sócias (Arqueologia)

Natureza: Andarilho

Comportamento: Dinâmico

Nacionalidade: Brasileira

Idade: 22 anos

Sexo: Feminino

Biografia

Uma jovem de vinte e dois anos, estudante de ciências sociais e que chama a atenção por seu dinamismo. Tem verdadeiro horror a permanecer, seja no mesmo lugar, seja na mesma situação. Assim, pode-se imaginar o esforço que essa graduação representa: quatro anos estudando a mesma coisa, no mesmo lugar, praticamente com as mesmas pessoas! Talvez ela não consiga concluir essa graduação... ou talvez faça isso em outra cidade... Aliás, ir para outra cidade é sempre uma possibilidade atraente para Júlia e isso já faz algum tempo.

Júlia nasceu em uma cidade pequena, em uma família comum. Ou seja, foi criada bem próxima a várias gerações de sua família, bem como de muitas plantas e animais. Ainda era pequena quando começou a aprender sobre os chás, as raízes e outras fontes para pequenos e eficientes remédios naturais. Também aprendeu a plantar alguma coisa, colher muitas outras, além de pescar e preparar algumas carnes. Nada que todas as outras pessoas daquela cidade também não soubessem, mas que hoje acabam por fazer dela alguém um pouco diferente. É que, além do conhecido fato de que esses não são conhecimentos muito comuns nas cidades maiores, ela leva um jeito especial para essas coisas. Em algum momento, que ela já não lembra mais qual foi, passou a se interessar, a perguntar para que servia essa ou aquela folha, ao invés de apenas ouvir o que sua mãe dizia sobre isso.

E por falar em sua mãe, é preciso dizer que, ao menos fisicamente, as duas são muito parecidas: negras altas e magras, com um sorriso discreto, mas sincero e um olhar que parece não se fixar muito tempo em nada, ou ao mesmo tempo em tudo. Ambas pensam no conforto, antes de mais nada, para se vestir e em alguma erva, antes de mais nada, para se medicar. A primeira vista o que mais distingue as duas, além da idade é claro, são os cabelos: geralmente os de Júlia estão soltos, são mais curtos e penteados sem muitos cuidados. Os de sua mãe não, são maiores, para ficar mais fácil de se prender, coisa que ela faz todas as manhãs, com extremo zelo.

O zelo que a mãe tem com os cabelos Júlia herdou para os trabalhos manuais. Hoje vive da renda que consegue vendendo de tudo um pouco do que ela poça fazer com linhas, agulhas, sementes e o que mais estiver disponível. Decididamente não é muito o que ganha, mas também não é muito o que gasta e no final do mês as coisas costumam dar certo. Foi ainda em sua cidade natal que ela entendeu que poderia conseguir assim o dinheiro que seus pais não quisessem ou pudessem lhe dar. Eles nunca se opuseram e volta e meia a incentivavam com uma ou outra semente mais bonita, uma agulha diferente, uma revista com sugestões de peças artesanais. O que eles não podiam imaginar é que depois isso tornaria possível a última coisa que eles queriam: que Júlia saísse de casa, ainda nova e sem um “bom motivo”.

Para dizer de um jeito simples, Júlia nasceu, cresceu e cansou daquela cidade onde todos nascem, crescem e morrem na mesma casa, plantando sempre as mesmas coisas no jardim e sorrindo sempre para as mesmas pessoas. Por mais que tentasse não conseguia ver valor nenhum em tamanha mesmice, em tamanha previsibilidade. Por isso, assim que se formou no ensino médio, decidiu correr mundo, ou tanto quanto lhe fosse possível. Conheceu muitas cidades, de vários tamanhos, de várias cores, com vários gostos e cheiros. Aprendeu quase tudo o que sabe do espanhol nas vezes em que esteve em cidades da Argentina e do Paraguai.

Nunca se demorava muito em lugar nenhum. Buscava sempre a sensação de estranhamento que cada novo lugar lhe causa, ao mesmo tempo que as semelhanças de um lugar com outro ficavam mais evidentes, incomodando-a. Talvez, de alguma forma, todas as cidades sejam iguais... Essa dúvida sempre assalta Júlia que muda novamente, antes que ela seja uma certeza. Pulando de cidade em cidade passou por várias dificuldades, e se orgulha de dizer que saiu de todas, muito embora nem sempre possa se orgulhar da forma que fez isso. Um ou dois furtos colaboraram, outros três alugueis não pagos também, sem falar de algumas peças de artesanato vendidas por muito mais do que poderiam valer ainda que fossem realmente “peças únicas”.

Sua última viagem a levou exatamente para onde está agora, para fazer o vestibular. É que além de inquieta Júlia é também curiosa e quis ver como é isso de fazer faculdade e, principalmente como seria ela fazendo um curso desses. No caminho, passou por Ouro Preto e lá conheceu um mestre de Yoga. Gostou da filosofia, dos exercícios e hoje trás mais esse conhecimento consigo. Mas é claro que não só isso permaneceu com ela. Para além de todas as experiências ficaram muitas amizades e outros tantos conhecidos que fazem dela uma pessoa bem informada e com muitas casas para onde voltar, caso queira, um dia, refazer seus caminhos de trás para frente. Coisa que, por enquanto, não está nos seus planos.

Por Gizélia

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